quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

AFG-conversa com Presidente Carlos Janela--SC Sabugal

O Sporting Clube do Sabugal construiu uma equipa para lutar pelo título"


Fundado em 1939, o Sporting Clube do Sabugal comemora este ano o seu 75º aniversário. Em entrevista ao Celoriconews o presidente do clube assume sem rodeios que o objectivo desde o início da temporada é conquistar o título de campeão distrital e subir aos nacionais. A vitória sobre o até então invencível Gouveia e as quatro vitórias consecutivas nos últimos aumentaram as esperanças de Carlos Janela, de 48 anos, para quem “o Distrito da Guarda tem potencial humano para ter uma equipa jogar o Campeonato Nacional sem receios”.
Quais os objectivos do Sporting Clube do Sabugal para esta época?
Construímos uma equipa para lutar pelo título de Campeões Distritais, até porque o clube comemora agora 75 de existência e gostaria de voltar a um escalão onde já esteve na época de 1989/90. E, sinceramente, esperava mais. Mas, depois desta vitória frente ao Gouveia, um rival directo, talvez o nosso principal adversário na luta pelo título, em que reduzimos a diferença para seis pontos, ficou tudo em aberto. Continuamos na corrida.

Será uma discussão a dois?
Não. Penso que o Gouveia e o Sabugal são as melhores equipas. Mas o Mêda, apesar do mau momento que está a atravessar, e o Vila Cortez também são adversários que podem surpreender.
Mas já teve possibilidades de subir e declinou o convite…
Enquanto for presidente, o clube só entra numa competição quando o conseguir por mérito desportivo. Naquela temporada, o vencedor não aceitou o lugar, nós tínhamos terminado em quinto lugar e não me parecia bem ir ocupar um lugar que não era nosso só porque os regulamentos o permitiam. Para subirmos temos de ser campeões. Se isso acontecer estamos preparados para assumir as nossas responsabilidades.
E o clube está preparado para as exigências de um Campeonato Nacional?
Temos um projecto devidamente alicerçado, mas com as dificuldades que são transversais a todos os clubes da região. Não somos aventureiros. Se eu hoje saísse da presidência ninguém viria bater à porta do clube pedir dinheiro.
Mas todas as equipas do interior se queixam que é muito complicado competir nessa prova…
É muito difícil, só quem não conhece as dificuldades do interior pode dizer o contrário. Sabemos que teremos eventualmente, nós ou quem for promovido, de jogar com clubes com orçamentos muito mais elevados. Mas também se fazem omeletes com poucos ovos. Tem é de existir um projecto consolidado e bem gerido. Também acredito convictamente que o Distrito da Guarda tem potencial humano com qualidade para jogar o campeonato nacional sem qualquer receio. Se subir vou tentar fazer uma selecção dos melhores. Se o conseguirei? Não sei.
O presidente do Celoricense, Luís Faustino, queixou-se que a AF Guarda cobra demasiado em taxas e inscrições. Concorda com ele?
Estou plenamente de acordo. É uma ofensa as taxas que a AF Guarda cobra, tendo em conta o número de espectadores que existem nesta prova. Temos sempre prejuízo nos jogos em casa, porque para a receita nunca chega para pagar os 228 euros de taxas de jogo e de arbitragem. Mas, a bem da verdade, há aqui um aspecto que convém salvaguardar. A AF Guarda, em termos de competições dos escalões de formação, cobra preços modestos quando comparado com muitas das suas congéneres. Como temos seis equipas nessa área, se fizer a métrica as coisas acabam por ficar niveladas. Agora para quem tem apenas seniores é ofensivo o que se gasta em termos administrativos. É um aspecto que terá de ser revisto.
O Sporting Clube do Sabugal aposta muito na formação?
Temos de apostar. Somos poucos e não nos podemos dar ao luxo de ir buscar jogadores muito longe. Quase todos são aqui do concelho e grande parte proveniente das camadas jovens. Apenas seis ou sete jogadores do plantel vêm de fora. E, mesmo assim, outra equipa aqui do Sabugal, o Soito, tem no seu conjunto mais de meia dúzia de atletas que passaram pela nossa formação. Este emblema tem desde os benjamins até aos juniores. Não vejo futuro para qualquer clube do interior que não aposte na formação. Nós já temos quatro ou cinco juniores que podem na próxima temporada incorporar o plantel sénior.
Qual é o orçamento do clube?
Temos um orçamento de 40 mil euros, mas para todas as modalidades. Temos o Judo, que nos tem dado muitas alegrias, incluindo a conquista por uma atleta do título de vice-campeã nacional nas camadas jovens e que já representou a selecção nacional. Existe o basquete, o futsal, onde estamos a disputar a III Divisão Nacional, o andebol e a natação. No total movimentamos cerca de 270 atletas. Quase todos pertencentes à formação.
Não é curto para tantos atletas e modalidades?
Dá muitas dores de cabeça. Mas temos uma parceria com Câmara que é exemplar. A autarquia compreende que estamos a fazer um trabalho que se calhar caberia ao Estado e nunca deixou de nos apoiar dentro daquilo que é racional e das possibilidades que tem. Todas as instalações são municipais, desde o estádio, passando pelo pavilhão, até às piscinas. Esse é um apoio precioso da Câmara que também nos fornece o autocarro para a equipa de futsal que está a disputar o nacional e logo viagens longas. E um subsídio. O clube, por seu lado, fornece os técnicos e paga toda a logística das deslocações e restantes encargos. E não são poucos. Só a título de exemplo posso referir que o Sabugal é o quinto maior concelho em área, mas as nossas carrinhas percorrem todos os lugares para trazer os jovens aos treinos. Temos oferecido condições para os jovens praticarem desporto e promovido o nome do concelho em todo o país e mesmo além-fronteiras.
Têm uma boa relação com a autarquia?
O clube só tem de estar agradecido à autarquia e penso que a Câmara também não tem nada a apontar ao clube. O Sporting clube do Sabugal utiliza o estádio, mas como contrapartida cedeu os terrenos do seu antigo campo ao município, onde foi construído o mercado municipal e o centro de camionagem. Temos uma excelente relação de cooperação mutua.
Mas qual é o grau de dependência do clube em relação à Câmara?
Só lhe digo que quando as autarquias se alhearem dos clubes, não há nenhum do distrito que se mantenha.
Como explica que a Guarda, a cidade, não tenha um clube nos nacionais?
A cidade da Guarda perde muito devido às divisões existentes entre os vários clubes que lá existem. Só há uma solução: sentarem-se todos a uma mesa e chegarem a um consenso sobre que escalão cabe a cada emblema. E ficar apenas uma sénior. Se não fizerem isso, com muita pena para o Distrito, a sua sede nos próximos 50 anos não consegue colocar nenhum clube nos nacionais. Têm de superar as rivalidades, entenderem-se e aproveitar o potencial humano que existe, mas que é demasiado curto para tantos emblemas.

fonte:Celorico news

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