domingo, 21 de julho de 2013

Conversa com tecnico João Borrego


Assim depois de uma bela conquista fomos conversar com João Borrego, um técnico da região a fazer grande sucesso na região de Lisboa.

 Um mister de sucesso


Futebol das beiras -Depois de mais uma subida de divisão, que sabor teve?
João Borrego -  Um sabor enorme, porque ganhar tem um sabor especial..é o culminar de meses de trabalho, de ver a evolução de um novo grupo que tive de fazer...jogar com um meio campo onde 3 dos 4 elementos eram seniores de 1º ano.. não é trabalho fácil, mas com determinação, empenho, qualidade, liderança aliadas a uma enorme força coletiva, conseguimos novamente os objetivos.

FB- Que balanço faz desta temporada no Povoense?


JB - No futebol como na vida tudo tem o grau de dificuldade, que só com muito trabalho e competências em toda a estrutura se conseguem resolver com sucesso...foi o ano mais difícil que tive como treinador..pois tive de «limpar um balneário » em virtude de não ter sido eu a escolher a grande maioria deste grupo...muitos jogadores acomodados..primas donas que se intitulavam capitães...mas que qualidade pouca tinham e ainda por cima minavam o trabalho dos mais novos....director desportivo também do lado desses jogadores, e como tal só houve uma saída...como o Presidente via a minha forma de trabalhar e confiava no meu trabalho o caminho foi só um..10 jogadores receberam guia de marcha mais o director desportivo.
O balneareo começou a respirar confiança..a amizade solidificou-se e o resto apareceu com naturalidade.
Por tudo isto foi uma época importantíssima pois o clube consegue 2 promoções seguidas e eu a 4.ª em 5 anos.
FB - Considera-se um técnico de sucesso?Depois de tantas subidas?
JB -Orgulhoso sim do trabalho que tenho feito, dos resultados que tenho obtido...mas nunca acomodado, porque continuo a trabalhar todos os dias para ser melhor...porque agora tenho essa noção pelos contactos que tenho tido...ainda a semana passada o meu nome foi posto em cima da mesa com o do Rui Gregório..João Sousa e mais alguns...sinal que as pessoas começam a estar atentas ao meu trabalho, espero que alguém me possa dar uma oportunidade na 2ª nacional para poder mostrar que tenho valor para outros patamares..o futuro a Deus pertence 
FB - Como vê o desempenho deste atletas? capazes de um nacional de assim fossem contratados para tal?


JB -  A minha regra pedagógica basilar consiste, numa primeira fase, em que é bem mais importante enaltecer as qualidades do jogador do que apontar-lhe os pontos fracos e criticar-lhe as falhas. Não podemos dizer ao jogador: “Isto tu não sabes fazer” ou “Isso não vais conseguir fazer”. Quando eu, enquanto treinador, acredito num jogador e que ele poderá evoluir, ao mostrar-lhe como poderá desenvolver as suas capacidades ganho a sua confiança. Se ele sente essa confiança, vai evoluir e crescer como jogador. E, no momento da verdade, vai acreditar em mim e, seguidamente, em si mesmo.
A autoconfiança, para mim, é determinante. Depois, sim, trabalhamos os pontos fracos. Várias vezes, muitas vezes. São exercitados, repetidamente. Tenho um excelente exemplo no plantel: o nosso central Ba. Ele é verdadeiramente um atleta excepcional. Tem grande capacidade física, o que lhe permite ser bem-sucedido nos lances homem-a-homem. Teve porém que dissimular as suas limitações técnicas. Para corrigir as deficiências, só tivemos que lhe fazer duas perguntas: Qual é a função de um defesa central? e Por que é que ele é um jogador crucial na equipa? A resposta é imediata: o defesa central é, quase sempre, o nosso último recurso. Quando perdes a bola ou se não a souberes parar convenientemente, é praticamente certo que o adversário vai ter uma oportunidade para marcar um golo. Nessa posição, é crucial ter jogadores com um nível técnico considerável. Isso analisa-se com base em três parâmetros: recepção/controlo da bola, condução da bola e passe. E foi isso que fizemos com o Ba. Treinar controlo, condução e passe. Várias vezes, muitas vezes…
A técnica é, do meu ponto de vista, o primeiro pré-requisito para um futebolista. A arte, se quiser. Depois, segue-se o segundo passo: a inteligência de jogo. E aí há uma necessidade de melhorar individualmente, como também do ponto de vista colectivo. Seja com toda a equipa, seja com parte da equipa.
Quando tecemos críticas, gostamos de as fazer em frente a todo o plantel. A nossa crítica é feita ao comportamento posicional, nunca é uma crítica à pessoa. O trabalho de desenvolvimento funciona por meio de feedback e de correcções.
A fé é simplesmente certeza. Não trago essa ideia desde os tempos de infância, mas em algum momento da minha vida tive essa ideia. Para mim significa – por mais patético que isso soe – que devo fazer tudo o que está ao meu alcance para mudar o lugar onde estou para melhor. Para mim, em variadíssimas situações, é importante que as pessoas que me rodeiam estejam bem. Eu estou sempre bem. Desejo verdadeiramente fazer um trabalho que torne o Mundo melhor. Infelizmente, esse desejo não significa que seja bem-sucedido na tarefa de aceitar que há coisas – como as doenças ou a dor – que não posso mudar.



FB- Que objetivos agora para o futuro?




JB-Quanto aos objectivos...Quanto mais acima se consegue chegar melhor, e por isso é sempre a altura certa para conseguir atingir esse patamar. Tive a oportunidade de me preparar os últimos anos para que possa surgir essa oportunidade e corresponder as espectativas, pois acredito muito em mim e em quem comigo trabalha.