sábado, 3 de agosto de 2013

Conversa com António Carlos (Tótá) treinador da UD Sampedrense



Futebol das beiras-Depois de tantos desafios, agora ser o novo técnico da Sampedrense é mais um desafio aliciante?
Tótá-Sim, sem dúvida. Foi-me apresentado um projeto, pelo novo presidente do clube “Virgílio Carvalho”, uma pessoa jovem que chegou agora ao futebol, mas que traz com ele um know how da sua vida profissional, cujas ideias inovadoras darão uma nova visão  ao dirigismo desportivo, o que faz com que este seja um projeto sólido, com fortes alicerces e com algo que raramente se contextualiza nos clubes, que é o olhar para além da presente época, sendo este um projeto a médio longo prazo. Foram estes pressupostos que fizeram com que eu abraçasse este novo desafio. A juntar a isto tudo, o clube em sim, é sem dúvida um dos mais fortes e com mais tradição no panorama distrital da Associação de Futebol de Viseu.


FB-Como analisa os adversários possíveis neste campeonato, mais parece uma 3ªdivisao nacional?
Tótá-Vai ser sem dúvida o campeonato mais forte das últimas décadas. Basta reparar que desceram ao campeonato distrital as 5 equipas que militavam na terceira divisão nacional ( Mortágua, Penalva do Castelo, Oliveira de Frades Sampedrense e Parada). Se a estas equipas incluirmos mais 6 ou 7 que já estavam neste campeonato, e não nomeio qualquer uma delas para não ferir suscetibilidades, verificamos que este ano a maior parte das equipas terão argumentos muito fortes para disputar os lugares cimeiros da classificação, mas apenas uma sairá vencedora. 

FB-A nivel de plantel certamente devido á crise vai apostar na formação da região?
Tótá-Penso que na conjetura atual, quem não pensar assim terá os seus dias contados, pensando nos resultados no imediato mas sem argumentos para o futuro. Nós não iremos fugir à regra e vamos apostar não só em jogadores da região, como fundamentalmente em “jovens” da região. Conforme disse, este não é um projeto para esta época, é um projeto a médio longo prazo e a sua base carece sem dúvida de jovens atletas. No entanto é a simbiose entre a veterania e experiência por um lado e a juventude e irreverência por outro que dá a este plantel a qualidade suficiente para lutar pelos lugares cimeiros.

FB-Já trabalhou no distrito da Guarda e Viseu, que diferenças?
Tótá-A principal diferença entronca na enorme diferença de competitividade entre ambos os campeonatos. O que verificamos ano após ano no campeonato distrital da Guarda, é que existem apenas duas no máximo três equipas a disputar o primeiro lugar e o nível da maior parte das restantes equipas não torna o campeonato competitivo, enquanto que no campeonato distrital de Viseu o nível das equipas é mais equilibrado, existindo mais equipas a disputar os primeiros lugares e as restantes têm planteis que permitem disputar de igual para igual todos os jogos tornando assim o campeonato muito competitivo e conforme referi anteriormente este ano existem cerca de 10 equipas com capacidade para lutar pelo primeiro lugar.

FB- No distrito da guarda paira a ideia de extinguir a 2ªdivisão distrital e apenas ficar a 1ªdivisão mas em duas series?
Tótá-Espero que tal não aconteça, pois se atualmente o campeonato é nivelado por baixo no que à qualidade das equipas diz respeito, surgindo duas séries por um lado e a presença das equipas da atual 2ª divisão por outro, tornaria o campeonato ainda mais fraco com menos competitividade, e logicamente as assimetrias seriam maiores.

FB-Ser treinador é sempre uma tarefa ingrata , mas a paixão é mais alta?
Tótá-Claro. Sem paixão não se pode ser treinador. O trabalho é avaliado pelos resultados e não pela qualidade, é avaliado só ao domingo, esquecendo os restantes dias de trabalho. É a contranatura do futebol, não espelhada numa célebre frase de Henry FordQualidade significa fazer certo quando ninguém está olhando.”


FB- Como terminus da 3ªdivisão, aparece agora o nacional de seniores como vê essa nova realidade?
Tótá-Sou bastante cético, no que aos novos moldes do novo campeonato nacional de futebol diz respeito. Se antes, as equipas que transitavam dos campeonatos distritais para a terceira divisão nacional sentiam dificuldades de adaptação competitiva, imaginem agora transitar diretamente para um campeonato nacional onde, para além de defrontarem as equipas mais fortes da anterior segunda divisão,  podem também encontrar equipas que no ano anterior estavam na liga profissional. No que diz respeito ás Associações distritais de futebol, se na da Guarda esta alteração não se faz notar pois continua apenas com uma equipa nos campeonatos nacionais, na de Viseu o rombo foi enorme, pois todas as equipas que militavam no campeonato nacional da terceira divisão passaram aos distritais  e foram 5, equipas essas que há longos anos permaneciam nos nacionais e tão cedo não voltarão.

FB-que objetivos tem para o futuro no futebol?
Tótá-Não tenho. No futebol só existe o presente.

fonte:António Pacheco