quarta-feira, 17 de julho de 2013

Conversa com Carlos Agostinho



Um homem de desafios
1-Agora depois de uma longa caminhada, vai rumar ao Satão? Um projeto aliciante?

O regresso a um clube onde depois da minha passagem sempre houve vontade mutua de um dia voltar. O que me foi pedido foi fazer o melhor possível, arranjar uma equipa competitiva, praticar um futebol de qualidade dentro de um orçamento realista.
É um Projeto aliciante porque conheço bem o clube e penso que podemos fazer um campeonato a lutar pelos lugares cimeiros mesmo sabendo que vamos ter equipas muito fortes, principalmente as que desceram dos campeonatos nacionais sendo essas equipas as grandes candidatas porque apresentam um nível competitivo bem mais alto passando o nosso objectivo também por encurtar distâncias nesse aspeto.



2-A divisão de honra vai ser quase um campeonato nacional, pois grande parte das equipas já estiveram nos nacionais e a luta pela subida vai ser enorme?

Vai ser um campeonato muito competitivo sem duvida, em que vai haver um grupo grande de equipas que podem lutar pela subida de divisão.

3-Depois de ter iniciado a temporada no Ac Viseu, esta subida de alguma maneira também é sua?

A subida poderá ser de todos os que lá passaram, mas acho que será justo referir que quem começou e acabou contribuiu muito mais.
Enquanto lá estive fiz o meu melhor sempre em prol do clube e sempre acreditei que tinha formado um plantel para lutar pela subida de divisão, sem ceder a pressões de pseudo empresários para colocarem jogadores e fazer com que o clube deixasse de pagar comissões, sentindo desde o primeiro dia, que por esse e outros motivos, era um treinador a prazo.


4-Face ás alterações nas competições surge agora o novo campeonato nacional de seniores, que opinião tem sobre isso? Que vantagem e desvantagens aponta?

Vai ser um campeonato muito competitivo, com mais derbis, mais receitas e menos despesas, melhor para os clubes e associações. Em relação aos jogadores, treinadores e árbitros, no meu ponto de vista, é bem pior. Ao acabar a 3ª divisão fica uma lacuna enorme para a evolução dos jogadores, árbitros e treinadores. Pessoalmente gostava bem mais do modelo anterior.


5-o Ac Viseu e o Tondela vão ser as bandeiras da região das beiras, alias face a isso o distrito de Viseu vai passar a ter mais reconhecimento?

É muito importante para o nosso distrito haver muitas equipas nos campeonatos nacionais  e ter duas equipas nos campeonatos profissionais com a crise que o país e o futebol atravessam é muito bom.
Não tenho duvidas que o nosso distrito depois da grande campanha que o Tondela fez na época passada e com a subida do Académico tem mais reconhecimento. Será muito importante estas duas equipas fazerem um bom campeonato e quem sabe lutarem por uma subida de divisão, o nosso distrito tem que ter a curto prazo um clube na 1ª liga.

6-A nível pessoal, que objetivos traça para o seu futuro?

Os meus objetivos vão continuar a ser sempre os que tive. Fazer sempre o melhor em prol dos clubes e dos jogadores e claro pelo futebol. Durante a minha carreira nunca ninguém me ofereceu nada, se quis ser treinador tive que começar pela formação onde fui campeão  para chegar a treinador principal de seniores. Estive 12 anos como adjunto passando a principal porque as pessoas reconheceram-me valor voltando a ser campeão logo 1º ano com treinador principal, fruto de muito trabalho, dedicação e competência fui treinador na 2ª divisão com excelentes resultados, estando nestes últimos 20 anos só 4 meses sem treinar por opção. Voltei ao futebol e arrisquei muito ao aceitar o desafio de Oliveira de Frades, mas mais uma vez tudo correu bem. Fruto desse trabalho recebi o convite do Académico mesmo sem ter empresário, as pessoas reconheceram o meu trabalho e foi o culminar de um sonho, chegar a um grande clube. Mas passado este tempo cada vez mais me convenço que recebi um presente envenenado porque a minha forma de estar no futebol sempre passou, passa e passará por pôr em primeiro lugar o clube que represento e os jogadores que treino e só depois eu, e não tenho duvidas de uma coisa se a minha preocupação fosse pensar primeiro em mim e depois nos outros tinha acabado a época no Acadêmico. Mas nunca em momento algum abdicarei dos princípios e valores que sempre defendi porque sinto-me com capacidades para treinar em qualquer divisão, mas também tenho a certeza que só o conseguirei com o meu trabalho, porque em momento algum andarei a mendigar seja o que for. Como se pode compreender os meus objetivos passam por cada vez tentar ser melhor porque quando treinadores que são campeões europeus e já sabem que vão sair, treinadores que descem de divisão e vão treinar clubes na liga dos campeões e nem habilitação têm, isto acontece porque os empresários controlam os clubes, dificilmente um treinador com a minha forma de estar poderá ambicionar a patamares muito altos. Não por falta de ambição, competência ou habilitação mas sim por acreditar que cada vez mais no futebol como em quase tudo neste país, mais importante que ser competente é ser subserviente e isso nunca serei.

António Pacheco