Um homem de desafios
1-Agora depois de uma longa
caminhada, vai rumar ao Satão? Um projeto
aliciante?
O regresso a um clube onde depois da minha passagem sempre
houve vontade mutua de um dia voltar. O que me foi pedido foi fazer o melhor
possível, arranjar uma equipa
competitiva, praticar um futebol de qualidade dentro de um orçamento realista.
É um Projeto aliciante porque
conheço bem o clube e penso que
podemos fazer um campeonato a lutar pelos lugares cimeiros mesmo sabendo que
vamos ter equipas muito fortes, principalmente as que desceram dos campeonatos
nacionais sendo essas equipas as grandes candidatas porque apresentam um nível competitivo bem mais alto passando o nosso objectivo
também por encurtar distâncias nesse aspeto.
2-A divisão
de honra vai ser quase um campeonato nacional, pois grande parte das equipas já
estiveram nos nacionais e a luta pela subida vai ser enorme?
Vai ser um campeonato muito competitivo sem duvida, em que
vai haver um grupo grande de equipas que podem lutar pela subida de divisão.
3-Depois de ter iniciado a
temporada no Ac Viseu, esta subida de alguma maneira também
é sua?
A subida poderá ser de todos os que lá passaram, mas acho que será
justo referir que quem começou e acabou contribuiu muito
mais.
Enquanto lá estive fiz o meu melhor
sempre em prol do clube e sempre acreditei que tinha formado um plantel para
lutar pela subida de divisão, sem ceder a pressões de pseudo empresários para colocarem jogadores
e fazer com que o clube deixasse de pagar comissões,
sentindo desde o primeiro dia, que por esse e outros motivos, era um treinador
a prazo.
4-Face ás
alterações nas competições
surge agora o novo campeonato nacional de seniores, que opinião
tem sobre isso? Que vantagem e desvantagens aponta?
Vai ser um campeonato muito competitivo, com mais derbis,
mais receitas e menos despesas, melhor para os clubes e associações. Em relação aos jogadores, treinadores e
árbitros, no meu ponto de
vista, é bem pior. Ao acabar a 3ª divisão fica uma lacuna enorme para
a evolução dos jogadores, árbitros e treinadores. Pessoalmente gostava bem mais do
modelo anterior.
5-o Ac Viseu e o Tondela vão
ser as bandeiras da região das beiras,
alias face a isso o distrito de Viseu vai passar a ter mais reconhecimento?
É muito importante para o nosso
distrito haver muitas equipas nos campeonatos nacionais e ter duas equipas nos campeonatos
profissionais com a crise que o país e o futebol atravessam é muito bom.
Não tenho duvidas que o nosso
distrito depois da grande campanha que o Tondela fez na época passada e com a subida do Académico tem mais reconhecimento. Será muito importante estas duas equipas fazerem um bom
campeonato e quem sabe lutarem por uma subida de divisão, o nosso distrito tem que ter a curto prazo um clube na 1ª liga.
6-A nível
pessoal, que objetivos traça para o seu
futuro?
Os meus objetivos vão continuar a ser sempre os
que tive. Fazer sempre o melhor em prol dos clubes e dos jogadores e claro pelo
futebol. Durante a minha carreira nunca ninguém
me ofereceu nada, se quis ser treinador tive que começar pela formação onde fui campeão para chegar a
treinador principal de seniores. Estive 12 anos como adjunto passando a
principal porque as pessoas reconheceram-me valor voltando a ser campeão logo 1º ano com treinador principal,
fruto de muito trabalho, dedicação e competência fui treinador na 2ª
divisão com excelentes resultados,
estando nestes últimos 20 anos só 4 meses sem treinar por opção.
Voltei ao futebol e arrisquei muito ao aceitar o desafio de Oliveira de Frades,
mas mais uma vez tudo correu bem. Fruto desse trabalho recebi o convite do Académico mesmo sem ter empresário,
as pessoas reconheceram o meu trabalho e foi o culminar de um sonho, chegar a
um grande clube. Mas passado este tempo cada vez mais me convenço que recebi um presente envenenado porque a minha forma de
estar no futebol sempre passou, passa e passará
por pôr em primeiro lugar o clube
que represento e os jogadores que treino e só
depois eu, e não tenho duvidas de uma coisa
se a minha preocupação fosse pensar primeiro em mim
e depois nos outros tinha acabado a época no Acadêmico. Mas nunca em momento algum abdicarei dos princípios e valores que sempre defendi porque sinto-me com
capacidades para treinar em qualquer divisão, mas também tenho a certeza que só
o conseguirei com o meu trabalho, porque em momento algum andarei a mendigar
seja o que for. Como se pode compreender os meus objetivos passam por cada vez
tentar ser melhor porque quando treinadores que são
campeões europeus e já sabem que vão sair, treinadores que descem
de divisão e vão treinar clubes na liga dos campeões e nem habilitação têm, isto acontece porque os empresários controlam os clubes, dificilmente um treinador com a
minha forma de estar poderá ambicionar a patamares muito
altos. Não por falta de ambição, competência ou habilitação mas sim por acreditar que cada vez mais no futebol como
em quase tudo neste país, mais importante que ser
competente é ser subserviente e isso nunca
serei.
António Pacheco