Reportagem de António Pacheco
FB-Abriu-se uma nova etapa na sua vida de treinador, agora
como novo técnico da Fundação D.L.Santos, um desafio aliciante?
RF-Sem dúvida!
É uma nova etapa, um passo em frente para uma realidade bem diferente não só ao
nível do escalão (passar de camadas jovens para seniores), mas também pela
liderança de um grupo de atletas feminino. De qualquer forma, esta oportunidade
representa um desafio bastante aliciante, ambicioso e também motivador, o qual
não podia recusar. Já que estamos a falar nesta transição, quero aproveitar a
oportunidade para agradecer aos meus antigos colegas de direcção da Escola de
Desporto de Gouveia, que ao longo destes últimos anos me proporcionaram todas
as condições para que pudesse desenvolver o meu trabalho, aos pais dos meus
antigos atletas que foram incansáveis no apoio prestado, e por último aos meus
jogadores, que foram a face visível do trabalho desenvolvido, e aos quais
desejo do fundo do coração os maios sucessos não só desportivos, mas também
pessoais e profissionais. Uma palavra também para o Conselho de administração
da F.L.S. que na pessoa do seu presidente, Dr. Rui Reis, me endereçou este
convite, o qual me enche de orgulho, honra e claro, responsabilidade.
FB-Sente que vai ter um enorme peso nas costas? Dado que é o
nacional da 1ªdivisão?
RF-É um facto
que é uma responsabilidade acrescida, mas ao mesmo tempo isso também torna esta
experiência ainda mais atraente. A F.L.S. teve uma passagem pela 1ª divisão há
2 épocas atrás, que terminou com uma descida de divisão um pouco frustrante,
uma vez que numa época cheia de condicionantes (nomeadamente lesões graves de 2
atletas titulares, como era o caso da Sílvia Rebelo e da Sandra Rita),
conseguiu manter-se na luta pela permanência até ao último jogo do campeonato.
Este ano, o objectivo é claramente a manutenção, e estamos em crer que se tudo
correr conforme o planeado, e se tivermos a sorte de não ter lesões graves como
há 2 anos atrás, este objectivo está ao nosso alcance.
FB-Como vê o futebol feminino a nível nacional? E a nível
distrital?
RF-A nível
nacional nota-se claramente uma evolução de há uns anos a esta parte. O mais
recente exemplo dessa evolução, ocorreu esta semana com o apuramento inédito de
uma equipa Portuguesa de futebol feminino (Ouriense, a quem aproveito desde já
para endereçar os parabéns a toda a sua estrutura) para a fase de grupos da
liga dos campeões.
Já ao nível
distrital, verifica-se uma diferença muito grande entre as equipas. Ao nível do
campeonato de promoção, a primeira fase é muito desequilibrada, registando-se
muitas goleadas e pouca competitividade. No entanto, há um factor positivo que
se prende com o aumento do número de atletas femininas interessadas em praticar
futebol, em detrimento de outros desportos colectivos (e não só).
FB-Decerto que a esta altura já terá a nova temporada
estruturada?
RF-Sim, a nova
equipa técnica (que é constituída por mim, pelo Vítor Graça que será o
treinador adjunto e ficará encarregue da parte física, e pelo Fernando Santos
que transita do ano anterior e será responsável pelo treino das Guarda Redes)
vai iniciar as suas funções na 3-f, dia 19 de Agosto. O início do campeonato
está previsto para o dia 21 de Setembro, dia em que recebemos o Cesarense em
casa.
Até lá
iremos treinar 3 a 4 vezes por semana, tendo também programado um estágio de 5
dias com treinos bi diários, e ainda alguns jogos treinos, cujas datas e locais
estão a ser ultimados.
FB-Pelo que analisou da sua nova equipa, tem projetado
algumas alterações a nível de plantel?
RF-Sim. As
alterações prendem-se com reforços e não com dispensas. Era minha intenção
contar com todas as jogadoras que no ano passado foram campeãs, mas
infelizmente não me vai ser possível, pois a Marta Cova, por motivos
profissionais, encontra-se fora do país. Este ano, o nosso objectivo é ter um
plantel com 23/24 jogadoras, uma vez que a exigência, a competitividade e a
própria duração do campeonato é bastante diferente do campeonato de promoção. Assim
sendo, já temos alguns reforços confirmados, e também iremos ter algumas
atletas à experiência durante as primeiras 2 semanas de treino. Quando o
plantel estiver fechado, iremos então divulgar a constituição do mesmo.
FB-O Nacional da 1ªdivisão vai ser bastante atrativo, pois é
visto como montra?
RF-Sim, é
óbvio que a 1ª divisão serve como montra e possibilita que as atletas se
valorizem. Em relação ao grupo da F.L.S. há uma perfeita noção dessa realidade,
mas acima disso, o grupo está focado em conseguir aquilo que há 2 anos lhes
escapou por um triz: a manutenção. Esse sim é o objectivo que mais atrai as
jogadoras da F.L.S.
FB-A Fundação tem sido um bom viveiro de estrelas ? Comente.
RF-Sim, é
verdade que há jogadoras que hoje são reconhecidas nacional e
internacionalmente e cuja origem futebolística está associada à F.L.S. O caso
da Ana Borges será porventura o mais exemplificativo, pelo facto de jogar em
equipas de renome internacional e de ser presença assídua na selecção Nacional.
No entanto há outros casos, como a Sílvia Rebelo (cujo amor incondicional que
sente pela FLS a fez recusar várias propostas de outras equipas) que antes da
lesão também era convocada regularmente para a Selecção – e que agora está
novamente nos planos do Selecionador Nacional, integrando já a convocatória da
próxima semana – a Filipa Rodrigues, que antes de ingressar no Ouriense passou
por cá, a Chumbito, que também tem sido chamada várias vezes às selecções, e
ainda outras atletas com convocatórias. Por isso, é com orgulho que podemos
dizer que a F.L.S. sendo a única equipa do interior do país a competir ao nível
da primeira divisão, tem sabido potenciar e valorizar as suas jogadoras.
FB-A nível pessoal, qual o seu objetivo para esta temporada?
RF-O meu objectivo pessoal, como é óbvio, não podia ser
diferente do objectivo da equipa: passa por conseguir a manutenção através da
construção de um grupo que irá fazer do trabalho, da dedicação, do empenho, da
responsabilidade, da humildade e da garra os seus grandes alicerces. Juntos
somos mais fortes, e aquilo que podemos prometer à direcção, à massa
associativa e aos pais e familiares das atletas é que tudo iremos
fazer para dignificar a camisola que vestimos, demonstrando sempre respeito
pelo adversário, mas nunca deixando de perseguir o nosso objectivo: a vitória!
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